Ouvidoria chega aos 15 anos de existência com 16,5 mil manifestações registradas
Data da publicação: 13 de agosto de 2018 Categoria: NotíciasÓrgão da UFC surgiu em 2003, quando ouvidorias ainda eram raras nas universidades brasileiras
Em 13 de agosto de 2003, foi publicada a Resolução Nº 6 do Conselho Universitário da Universidade Federal do Ceará (UFC). Muito mais do que uma simples determinação da Administração Superior, esse foi o primeiro passo para a criação de algo que até então tinha pouco precedente nas universidades brasileiras: a Ouvidoria Geral.
Nesta segunda-feira (13), a Unidade completa 15 anos de existência. E todo esse tempo de exercício da democracia e da gestão participativa pode ser mensurado em números. Ao longo desta uma década e meia, os cidadãos registraram mais de 16,5 mil manifestações na Ouvidoria. O balanço inclui 9,1 mil solicitações, 6,7 mil reclamações, 281 sugestões, 214 denúncias (esse tipo de manifestação só passou a ser registrado em 2015) e 166 elogios.
O começo
“Ficam criados, na estrutura organizacional da Reitoria, a Ouvidoria Geral, a Auditoria Interna e a Coordenadoria de Concursos, todos como Órgãos de Assessoramento do Reitor”, assim dizia o Art.2º, da Resolução Nº6/CONSUNI de 2003, assinada pelo então reitor René Teixeira Barreira.
A coluna A Voz do Ouvidor, do jornal O POVO celebrou o nascimento do novo setor da UFC. “Universidade Federal do Ceará (UFC) instituiu Ouvidoria – A iniciativa faz parte do novo reitor da UFC, Prof. René Barreira, demonstrando com o gesto o seu compromisso com o aperfeiçoamento democrático, transparência e busca do interesse público no dia a dia da Instituição”, escreveu a ouvidora da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Fátima Vilanova, na coluna.
“Essa era uma proposta já delineada na campanha dele (Prof. René Barreira): criar uma ouvidoria dentro da universidade. Essa era uma ideia muito nova na época. Poucas universidades já possuíam uma ouvidoria ou algo parecido”, lembra o coordenador de Comunicação Institucional da UFC, Prof. Ítalo Gurgel, o primeiro ouvidor da Universidade, nomeado pelo Prof. René Barreira.
O jornalista teve o desafio de fazer nascer e divulgar a Ouvidoria em seus primeiros anos. “Procurei participar de eventos da área e me municiei de literatura, daquilo que pude localizar, e deu certo. Em pouco tempo, conseguimos instalar a Ouvidoria. E eu me empenhei muito na divulgação, não só porque sou jornalista, mas porque tinha consciência que de era lago absolutamente novo na universidade”, recorda.
“Carta branca”
O prof. Ítalo Gurgel diz que teve “carta branca” do reitor René Barreira para fazer funcionar a Ouvidoria como “uma ouvidoria de fato. Eu não era um agente do gestor que estava ali, e sim do público que demandava a Ouvidoria. Eu procurei de fato fazer uma mediação e assumi a defesa daquelas reivindicações, de reclamações, de tudo que chegava à Ouvidoria perante os órgãos da administração da Universidade”.
O ex-ouvidor lembra que o maior obstáculo do órgão nos primeiros anos de existência foi o medo do cidadão diante da novidade. “Tive de enfrentar essa desconfiança das pessoas, a incerteza de que, diante do ouvidor, elas poderiam se abrir. O desafio maior foi contornar os percalços diários, que são naturais a todo pioneirismo. Era uma questão cultural mesmo. Havia o hábito de reclamar, de protestar, mas de uma forma não canalizada, formalizada pelos meios apropriados”, descreve.
O Prof. Ítalo Gurgel permaneceu como ouvidor por aproximadamente dois anos, quando foi convidado para assumir a chefia da Comunicação Institucional da UFC, sendo sucedido por outros três jornalistas na Ouvidoria: Lúcia Helena Galvão, Profª. Ivonete Maia e Prof. Agostinho Gósson.
Assessor da comunidade
Em sua posse como ouvidor, o Prof. Agostinho agradeceu à confiança do reitor em nomeá-lo para a função e ressaltou que o Ouvidor não é um assessor da Reitoria ou da Administração Superior, e sim da comunidade. “É nessa posição que me sinto, mantendo o compromisso de seguir a orientação do Reitor no sentido de manter uma Ouvidoria ativa”, assegurou. O jornalista permaneceu na função até meados de 2015, quando teve de se afastar para tratar de problemas de saúde.
A partir desse período, assumiram interinamente a Ouvidoria os servidores técnico-administrativos Patrícia Lima, Márcia Maia e Erick Araújo. Em agosto de 2017, tomou posse como ouvidora a Profª. Geovana Cartaxo com a missão de aprofundar a cidadania e o diálogo da Universidade com o cidadão-usuário da Ouvidoria.
Transparência
A Unidade atualmente também é composta pelos servidores Erick Araújo, Márcia Maia, Alisson Nogueira e Murilo Viana, além de dois bolsistas: Marcus Vinícius e Ingrid Carvalho. Além das atribuições da ouvidoria, o setor também gerencia e operacionaliza os pedidos de acesso à informação destinados à UFC, por meio do Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão (e-SIC).
Com base nos pedidos de acesso à informação respondidos, a UFC subiu neste ano de terceiro para segundo lugar no ranking anual da transparência das universidades federais, que abrange 63 instituições em todo o País.
“ O desafio permanente de toda Ouvidoria consiste em buscar a afirmação dos direitos do usuário e um atendimento responsivo e humano. A sensibilidade de se colocar no lugar do outro e identificar que processos podem melhorar a relação e os serviços são conquistas diárias que marcam o quão democrático e participativo são os processos e diálogos. Avanços e retrocessos fazem parte dessa capacidade de ouvir críticas e reclamações e conseguir empreender mudanças. Uma conquista desse ano foi o aumento de elogios, fenômenos raros em todas as Ouvidorias, o que demonstra que temos conseguido um ambiente de incentivo e reconhecimento”, destaca a Prof.ª Geovana Cartaxo, atual Ouvidora Geral da UFC.
A Ouvidora crescenta que a nova Lei de Defesa, Proteção e Participação do Usuário do Serviço Público (Lei 13460/2017) pela primeira vez reconhece inúmeros direitos ao usuário, “como o tratamento com a boa fé, a desburocratização, as informações e respostas com acompanhamento dos processos, e muitos outros, e coloca a Ouvidoria como setor central nesse diálogo com os cidadãos, é uma conquista e reconhecimento da capilaridade e eficácia que as ouvidorias no Brasil alcançaram, já demonstrado inclusive em pesquisas de opinião”.
A Profª. Geovana Cartaxo ainda salienta que uma pesquisa do Datafolha com amostra de 2.076 entrevistas, demonstrou que as ouvidorias são órgãos com alto reconhecimento e credibilidade pela população brasileira. “67% dos entrevistados declararam conhecer o trabalho das ouvidorias e 73% dos que entraram em contato com as ouvidorias disseram ter ajudado a resolver seu problema, enquanto 77% reconheceram como muito importante o trabalho das ouvidorias, sendo ainda maior o reconhecimento (80%) dentre os que entraram em contato com alguma ouvidoria”, finaliza.
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